terça-feira, 30 de agosto de 2011

Ecos do Feminimo

Coube a ciência desvendar os gêneros humanos nas suas similaridades e diferenças identificando comportamentos distintos nos seres humanos. A partir daí, a identidade da espécie pontua algumas características específicas de percepção e atração do homem e da mulher no envolvimento com o mundo interior-exterior.
Sabemos que geralmente na mulher destaca-se a audição e a percepção interior privilegiando como órgão do sentido o ouvido desde o tempo de habitação no interior das cavernas. Naquela época, conforme os antigos mais antigos, esse era seu guia para localização, comunicação e também cuidado com as crias.
No homem, a visão foi o órgão mais privilegiado desde os ancestrais como guia para defender a entrada da caverna e auto proteção na localização do mundo externo, tanto como mecanismo de defesa contra ataque das feras, como aliado para caça, como também, parte da observação atenta no recolhimento das sobras de alimento recolhido para alimentação deixadas como restos pelas feras.
Essas situações, conforme sabemos, impingiram ao masculino melhor desenvolvimento da acuidade visual e da percepção espacial. Sem adentrar nos conceitos junguiano de ânima e animus, observamos os novos movimentos femininos e paramos para refletir como a mulher vem desnudando o corpo nos movimentos mais recentes como forma de ser vista, ante tanta dificuldade em ser escutada, afinal, ouvir não é órgão do sentido privilegiado pelo masculino nem pelas sociedades privilegiadamente masculinizadoras e machistas.
Embora distante no tempo, a desobediência a lei continua,a não aceitação de pretendentes escolhidos já levou muita gente às penalidades, lembremos a fogueira para Santa Bárbara por ousar não casar com seu pretendente, as operárias mortas no oito de março por exigirem condições menos crueis as que eram impostas no trabalho, ao lado disso, o uso sacrificado do espartilho, os southiens queimados em praça pública.
Nota-se então, nos ecos mais recentes movimentos políticos femininos que aconteceram na Rússia e Ucrânia, mulheres expondo seu corpo fazendo topless, fotografando, desfilando ou lavando carro com pouca roupa chamavam atenção para suas reivindicações políticas.
Na Ucrânia, o grupo Femen exibiu os seios em favor da ex primeira ministra Yulia Tumoshenko inocentando-a das acusações de obter vantagem na assinatura do contrato, em 2009, para fornecimento de gás à Ucrânia pela mega empresa Gasprom, da Rússia.
Na Rússia, ao lado das corridas com salto alto no verão, houve, dessa vez de cunho político, a manifestação de mulheres lavando carro, seminuas, em defesa de Putin para Presidência da Rússia.
Por vezes chocante, por vezes assustadora essa forma de protesto via nudez feminina, mas, não podemos desconhecer o impacto produzido nessas mensagens políticas pela forma revolucionaria como elas são transmitidas.
Observamos então que nas sociedades predominantemente masculinizadoras o homem sempre pode ser visto a partir do discurso, isso é evidente porque a outra parte, a “cara” metade, o gênero feminino é eminentemente auditivo, ouvinte, e através dessa audição pode ver, pode reconhecer o outro e mesmo ser empreenhada; entretanto, o mesmo não corresponde e “o mundo masculino que tudo nos daria...” e jurou que toda nudez será castigada, está sendo compelido a assistir a nudez para depois então dar-se conta, a partir do choque com os valores instituídos que há um protesto em curso.
Assim, muito tempo se passou, até que um dia as mulheres, as atrevidas, as ousadas mais ousadas resolveram despir-se para serem vistas e, quem sabe, mesmo com toda nudez punida, serem ouvidas, escutadas.
No Brasil, o ser símbolo dessa luta é Leila Diniz que escandalizava a moral e os bons costumes carioca quando desfilava grávida na praia de Ipanema, no Rio de Janeiro, carregando no ventre o filho de um homem com o qual não era casada e colocava em cheque outra possibilidade de ser mãe além da forma tradicional, recatada e em segundo plano, para assumir-se de forma plena como mãe-mulher por opção, independente das normatizações instituídas como única possibilidade de realização fêmea do ato de procriar.
Certamente que no desenvolvimento humano há um preço cobrado, um valor bem pago, e, depois de um tempo, um retorno gratificante da transformação dos nossos conceitos.
Ah!!! essa nossa evolução que transita em busca do entendimento de si-mesmo tendo sempre o outro como espelho do que somos ou da negação do que pretendemos ser.
E assim, pela estrada afora, estamos perseguindo esse lilás que se funde nos céus quando do encontro do dia com a noite, da noite com o dia na fusão do rosa com o azul. Essa androgenia da unidade tão buscada, tão difícil e tão sonhada.
http://portuguese.ruvr.ru/2011/08/24/55120681.html http://www.diariodarussia.com.br/fatos/noticias/2011/08/16/topless-em-favor-de-yulia-timoshenko/
http://www1.folha.uol.com.br/mundo/946721-russas-seminuas-lavam-carros-em-campanha-por-putin-presidente.shtml

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